No dia de hoje, 18 de abril, comemoramos uma data muito especial para os educadores e amantes da leitura: o Dia Nacional do Livro Infantil. A comemoração foi instituída em 2002 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, através da Lei nº 10.402 de 8 de janeiro de 2002, pra homenagear o escritor brasileiro Monteiro Lobato, um dos maiores autores da literatura infanto-juvenil nacional, nascido nesse mesmo dia em 1882.
Monteiro Lobato, cujo nome completo era José Bento Monteiro Lobato, formou-se em Direito e Jornalismo, mas sua verdadeira paixão sempre foi a literatura, como declarou em 1904, após ganhar um concurso literário promovido pelo Centro Acadêmico XI de Agosto: “Tentei arrancar de mim o carnegão da literatura. Impossível. Só consegui uma coisa: adiar para depois dos trinta o meu aparecimento. Literatura é cachaça. Vicia. A gente começa com um cálice e acaba pau d’água na cadeia”. Iniciou-se no universo literário com pequenos contos para jornais estudantis, e durante a faculdade colaborou em publicações dos alunos e começou a enviar artigos para jornais. Do período de 1905 a 1910 foi nomeado promotor público, traduziu artigos do Weekly Times para o jornal O Estado de São Paulo, colaborou nos jornais Gazeta de Notícias (RJ) e Tribuna de Santos, e fez ilustrações e caricaturas para a revista carioca Fon-Fon!
Com a herança que recebeu do avô, a Fazenda de Buquira, passou a observar com interesse o mundo da roça, e redigiu, em 1914, no jornal O Estado de São Paulo, “Urupês”, criando o Jeca Tatu, seu personagem símbolo. Jeca era preguiçoso e não gostava de se esforçar, indo contra toda a onda de personagens caipiras e indígenas idealizados pelos romancistas até então. Após vender a fazenda, mudou-se para a cidade e passou a colaborar em publicações como Vida Moderna, O Queixoso, Parafuso, e comprou a Revista do Brasil em 1918, apaixonado pela linha nacionalista que essa seguia.
“Livro é sobremesa: tem que ser posto debaixo do nariz do freguês”, dizia Lobato, que cuidava com muita atenção da qualidade gráfica do livro e adotava capas coloridas e atraentes para chamar a atenção do leitor. No Natal de 1920, lançou sua primeira história infantil, “A menina do narizinho arrebitado”, que fez estrondoso sucesso e fez nascer outros episódios, tendo sempre como personagens Dona Benta, Pedrinho, Narizinho, Tia Nastácia e Emília.
Monteiro Lobato é considerado o precursor da literatura infantil no Brasil, pois proporcionou uma verdadeira revolução na forma de escrever para a criança. Em suas aventuras, resgatou costumes da roça e lendas do folclore nacional, e juntou à isso personagens da literatura universal, mitologia grega e do cinema. Além disso, foi o pioneiro na literatura paradidática, transmitindo em seus livros conhecimentos e idéias de história, geografia e matemática. Lobato não falava para as crianças, mas sim como elas e no lugar delas. Afirmava que, para atrair o interesse da criança, era necessário falar-lhe à imaginação, e por isso o aprendizado, em suas mãos, virava brincadeira série, e as lições escolares ficavam mais fáceis e compreensíveis. “Escrever para crianças! – exclamou em resposta a um repórter – é admirável… Elas não têm malícia, aceitam tudo, tudo compreendem”.
Entre aqueles que seguiram o legado deixado por Monteiro Lobato nas histórias infantis, podemos citar Maurício de Souza, Vinícius de Moraes, Cecília Meireles, Tatiana Belink, Pedro Bandeira, Ruth Rocha, Ziraldo, entre outros consagrados autores infantis do cenário nacional.
Quer conhecer um pouco mais da vida e obra dessa extraordinário autor? Acesse os sites http://www.projetomemoria.art.br/ e http://lobato.globo.com/. E você, já comemorou esse dia? Dá uma passadinha na nossa Biblioteca Pública Infantil “Thales Castanho de Andrade”, e traga seus filhos, sobrinhos, netos, irmãos e amiguinhos para se aventurar pelas histórias de Monteiro Lobato, Pedro Bandeira, Ruth Rocha, Ziraldo e outros autores.
Texto: Clara Grizotto
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